A Doutrina dos Anjos
Angelologia
Há,
no mundo, muitas crenças sobre os
anjos. Há antigas lendas que influenciam
a crença de muitos ao redor do mundo. A
existência dos anjos é verdadeira mas não da forma como todos dizem. Queremos ver o que diz a Bíblia sobre a sua
existência e obra. Se não existissem os
anjos, muitos versículos da Bíblia ficariam sem explicação.
Seres Criados
Os
anjos não são eternos como Deus mas foram criados por Deus (Sal 148:2,5; Col
1:16). Mesmo que a Bíblia mostrando que
os anjos foram criados por Deus, a Bíblia não é tão clara sobre quando foram criados. Alguns usam Jó 38:7 para dizer que os anjos
foram criados assim que a terra foi feita outros determinam Gênesis 1:1, na sua
referência aos “céus” para incluir os anjos.
Podem dizer o quiserem pois tudo não passa de opiniões. Somente é seguro dizer que até o fim da
criação (Gên. 2:1) os anjos foram criados (Êx. 20:11; Ne. 9:6).
Seres Espirituais e Incorpóreos
Os
anjos não têm carne (Luc 24:39), não se casam (Mat. 22:30, portanto, não há
sexo), são seres espirituais, sem matéria (I Sam 16:14; Mat. 8:16; 12:45; Luc
7:21; 8:2,32,33; 11:26; Atos 19:12; Efés 6:12; Heb 1:14). A sua qualidade de espírito e incorpóreo se
vê por poderem estar presentes em pouco espaço (Mat. 12:45; Luc 8:2,30) e serem
invisíveis (Col 1:16). Mesmo os anjos
podendo aparecer em forma de homem (Atos 1:10) são espíritos (Heb 1:14) e tomam
a forma de homem para nos ajudar. O homem
está em um grau inferior aos anjos (Heb 2:7)
Alguns
símbolos são usados, dentro da Bíblia, para apresentar os anjos tais como:
“vento” (Salmos 104:4) ou “fogo abrasador” Heb 1:7) mas, também são citados
como sendo espíritos (Mat. 22:30) e presentes na igreja, com atuações
específicas (I Cor 11:10).
Pelo
fato de terem sidos criados, os anjos são finitos, têm em começo, são limitados
e não têm apetites e desejos carnais.
Mesmo sendo espíritos e incorpóreos, não são onipresentes. Essa é uma
qualidade reservada somente para Deus.
Seres Racionais, Morais e Imortais
Racionais
Os
anjos têm uma inteligência nata e não adquirida (Boyce). A inteligência dos anjos é superior a dos
homens (II Sam 14:20). Através da igreja
Deus ensina a “multiforme sabedoria de Deus” que é conhecida pelos “principados
e potestades nos céus”, uma clara referência aos anjos (Efés 3:10). Mesmo os anjos conhecendo tanto, não são
oniscientes (Mat. 24:36; I Ped 1:12).
Que
anjos possuem vontade é claramente anunciado (I Pedro 1:12) pois anelam
investigar aquilo que não são capazes de entender. A obra da salvação é melhor entendida pelo
pecador salvo. A glória da salvação não
é conhecida pelos descrentes (I Cor 1:23; 2:14) e nem pelos anjos sejam eles
bons ou maus.
II Ped 2:11
mostra que os anjos decidem por não fazer uma ação e essa decisão revela que eles
são seres racionais.
Morais
A
natureza moral dos anjos pode ser vista através do princípio em eles são
abençoados se obedecem ou castigados se desobedecem. Tal tratamento indica tanto a capacidade
quanto a responsabilidade. Os anjos que
obedecem são chamados anjos santos (Mat. 25:31; Mar 8:38; Luc 8:26; Atos 10:22;
Apoc 14:10), anjos eleitos (I Tim 5:21) ou anjos de luz (II Cor 11:14). Os anjos obedientes vêem a face do Senhor
(Mat. 18:10) e são exemplos para nós (Mat. 6:10, a vontade de Deus está sendo
feito no céu pelos anjos inclusive; Judas 9).
Os anjos que desobedecem são castigados (João 8:44; II Ped 2:4; Judas 6)
e são eles aqueles seguem ao Diabo como líder (Mat. 25:41).
A Bíblia não
revela se há salvação para os anjos.
Imortais
A
qualidade de ser imortal pode ser vista através da afirmação de Jesus (Luc
20:35,36). Os anjos bons e os maus têm
existência contínua. Os bons permanecem
sob o favor de Deus e os maus recebem o castigo pela eternidade.
O
fato de os anjos terem grande poder (Sal 103:20; Col 1:16; Efés 1:21; 3:10; Heb
1:14) também revela as suas qualidades de inteligência, vontade e moral. O poder que eles possuem deve ser exercitado
na medida do querer de Deus. Esse
controle indica inteligência, vontade e moral.
Condição Original
De
tudo que a Bíblia mostra sobre o assunto somente podemos concluir que a
condição original dos anjos é boa (Gên. 1:31, “E viu Deus tudo quanto tinha
feito, e eis que era muito bom”). Judas ensina que os anjos maus “não guardaram
o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação” (Judas 1:6) dando-nos a
entender que no princípio, estavam na própria habitação, junto dos bons em
obediência. Aqueles que caíram, pecaram
(II Ped 2:4).
Por
Deus ser o Criador, e absolutamente santo (Gên. 18:25; Hab. 1:13), a Sua
criação também não teria pecado (Bancroft, p. 286).
Número dos Anjos
A
Bíblia nunca dá um número exato de anjos, mas isso não quer dizer que há um
pequeno número. Varias vezes a Bíblia
dá-nos razão dizer que o número é enorme.
·
Deut 33:2 - dez milhares de santos
·
Sal 68:17 - vinte milhares, milhares de milhares
·
Mar 5:9,15 - muitos
·
Mat. 26:53 - doze legiões (cada legião é
composta entre 3.000 - 6.000, Berkhof)
·
Heb 12:22 - muitos milhares
·
Apoc 5:11 - milhões de milhões, e milhares de
milhares (Dan 7:10)
Apoc
12:4 relata que a terça parte das “estrelas do céu” foi lançada para a
terra. Há os que dizem que isso refere-se
aos anjos que caíram, o império Romano ou até os pastores que não ficaram fieis
no ministério (Gill). Se esse fosse o número de anjos maus que caíram, para
cada anjo mau, há dois anjos bons. Isso
é confortante mesmo que não queremos duvidar da suficiência da onipotência de
Deus.
Qualquer
que seja o número de anjos, eles não são criados instantemente. O número atual de anjos não aumenta (Berkhof).
A Ordem dos Anjos Bons
Existe
uma organização entre os anjos. Satanás
é chamado o pai (João 8:44) e Miguel é chamado por arcanjo (Judas 1:9) que mostra
claramente a existência de ordem entre eles.
Os anjos bons são chamados “filhos de Deus” por terem uma origem
divina. Os anjos maus têm o nome de:
anjos do diabo (Mat. 25:41; Apoc 12:7) mostrando a existência de uma ordem
entre eles.
Nomes Diferentes
São
usados vários nomes que nos levam a distinguir ordens angélicas. As obras, o relacionamento com Deus ou os
atributos dos anjos podem ser vistos pelos nomes atribuídos a eles: “Filhos de
Deus” (Jó 1:6; 2:1; Sal 29:1; 86:6), deuses ou anjos de Deus (Sal 97:7; 138:1;
Heb 1:6), seus exércitos (Sal 103:21), servos (Jó 4:18),espíritos (Heb 1:14),
santos (Jó 15:15; Sal 89:5,7; Zac 14:5; Dan 8:13), vigias (Dan 4:13, 17) e vários
outros nomes em Col 1:16; Efés 1:21 dos quais podemos citar o Sr. E. C. Dargan:
“tronos ....
sendo o mais elevado, próximo a Deus e assim chamados, tanto por estarem perto
de Deus e sustentarem o trono de Deus como por sentarem eles mesmos sobre
tronos aproximando-se mais perto de Deus em glória e dignidade; depois
“domínios”, ou senhorios, aqueles que
exercem poder ou senhorio sobre os inferiores ou homens; depois
“principalidades”, ou “principados”, os de dignidade principesca; finalmente,
“potestades”, ou autoridades, aqueles que exercem poder ou autoridade sobre a
ordem angélica mais baixa, logo acima do homem.” (citado por T. P. Simmons, p.
135,136).
Os
anjos citados em Col 1;16 e Efés 1:21 não são os tipos mas de graus ou
dignidades diferentes (Berkhof).
Querubins e Serafins
Os
querubins mencionados em Gên. 3:24, estão guardando a entrada ao Paraíso, Êx.
25:18, estão olhando ao propiciatório (Sal 80:1; 99:1; Isa 37:16; Heb
9:5). Eles constituem o carro pelo qual
Deus desce ao mundo (II Reis 2:11; Sal 18:10) e são representados pelos seres
vivos para mostrar poder e majestade (Ezequiel 1 e Apoc 4, entre outros). Mais do que outras criaturas os querubins
revelam o poder, a majestade e a gloria de Deus, guardando a sua santidade no
jardim, tabernáculo, templo e na sua descida à terra (Berkhof).
Os
serafins só estão citados em Isa 6:2,6 como servos ao redor do trono de
Deus. Cantam louvores e estão de
prontidão para fazer o que o SENHOR mandar.
Talvez a sua obra seja preparar aqueles que querem aproximar-se
apropriadamente de Deus (Berkhof).
Sobre
os querubins e serafins E. C. Dargan ensina
que não são “como seres atuais senão como aparências simbólicas
ilustrando verdades da atividade e do governo divino.” (Simmons, p. 136).
Miguel e Gabriel
O
anjo Miguel e o anjo Gabriel são os únicos anjos mencionados pelo nome.
Miguel
é mencionado em Dan 10:9-13; 10:21; 12:1; Judas 1:9; e Apoc 12:7-9. A sua posição é tida como sendo ‘arcanjo’
(Judas 1:9) e “um dos primeiros príncipes” (Dan 10:13). Parece ser um guerreiro valente que batalha por
Jeová.
Gabriel
é usado em Daniel 8:16; 9:21 e Luc 1:19,26.
Gabriel disse: “assisto diante de Deus” (Luc 1:19). Há sete anjos que “estavam diante de Deus” e
há a especulação de que Gabriel seja um destes.
O seu trabalho é mediar e interpretar revelações divinas (Dan 8:16). Foi
Gabriel que profetizou o nascimento de João Batista (Luc 1:5-19) e de Cristo
(Luc 1:26-37).
Anjos de Guarda
Apesar
de a tradição e os historiadores gostarem da idéia de um anjo, ou dois (um bom
e o outro mau), designados a cada homem, ou pelo menos aos eleitos, a Bíblia
não dá credito pleno e claro a essa idéia.
Deus é quem cuida dos Seus pela Sua presença e poder. Um anjo seria muito inferior à essa presença
divina. A doutrina que supõem um anjo de
guarda alimenta uma pratica de adoração aos anjos. Note que havia mais de um anjo nestes casos:
Gên. 28:12; II Reis 6:16,17; Mat. 4:11; Luc 16:22.
O Serviço dos Anjos Bons
Serviço Usual
O
serviço usual deve ser entendido como a ocupação geral dos anjos bons. Eles têm o privilégio de louvar a Deus dia e noite
(Sal 103:20; 148:2; Isa 6:1-6; Apoc 5:11).
Heb 1:14 revela que a sua obra inclui o ministério aos herdeiros da
salvação; alegria na conversão dos herdeiros (Luc 15:10), estão atualmente
protegendo os herdeiros (Sal 34:7; 91:11) e, especialmente, os pequeninos (Mat.
18:10). Os anjos estão presentes na
igreja (I Cor 11:10; I Tim 5:21) até mesmo conhecendo através dos cultos, sobre
a multiforme sabedoria de Deus (Efés 3:10; I Ped 1:12). Esses anjos transportam os salvos para o “seio
de Abraão” (Luc 16:22).
Serviço Temporário
Os
anjos trabalham durante tempos de transição especiais (patriarcas, a entrega da
Lei, a era da conquista da terra prometida, durante o exílio e a restauração do
povo de Deus à sua terra e o nascimento, ressurreição e ascensão do Senhor
Jesus Cristo) e em resposta à queda dos homens no pecado. Quando terminou o período da revelação
divina especial cessou o serviço temporário de intermediários dessas
revelações, comunicar as bênçãos ao povo de Deus e executar o Seu juízo sobre
os Seus inimigos. Esse serviço só se
reiniciará na volta corpórea de Cristo (Berkhof, p. 148). Os versículos que mostram esse serviço sendo
feito são: II Sam 24:16,17; II Reis 19:35; I Cron. 21:15,16; II Cron. 32:21;
Atos 12:23.
A Ordem dos Anjos Maus e Suas Obras
Anjos Maus
Os
anjos maus começaram como anjos bons e deixaram a sua habitação (Judas 1:6; II
Ped 2:4). Eles se opõem a Deus e colocam
barreiras diante da Sua obra obedecendo a vontade de Satanás (Dan 10:10-14; Zac
3:1; Luc 22:31). Eles afligem o povo de
Deus (Mat. 17:15-18; Luc 13:16; II Cor 12:7), atuam como empecilhos diante do
povo de Deus (Efés 6:11,12; I Tess 2:18) e procuram enganar os eleitos (II Cor
11:13,14; Mat. 24:24).
Espíritos ou Demônios
Os
espíritos maus ou os demônios (considerados por muitos termos sinônimos e um
tipo de anjo mau, Mat. 9:34; 12:24; 25:41 - Bancroft; Cloud) são distintamente
diferentes pois têm trabalhos separados dos anjos maus (Atos 23:8,9, “nem anjo
nem espírito ... uma e outra coisa”). Fazem
um trabalho mais pessoal, sujo e violento do que os anjos maus em geral. Têm a prática de habitar nos corpos (Mat.
4:24; 8:16, 28-34; 12:43; Atos 8:6,7; 16:16) e nos ídolos dos descrentes (Lev
17:7; Deut 32:17; I Cor 10:20).
Adivinhação e astrologia têm como objetos de adoração aos demônios (Deut
18:10-12; II Crôn 33:6; Atos 16:16-18; 19:13-19). Em comparação aos anjos maus, os demônios são
mais impuros (Mat. 12:43-45; Mar 5:8; Luc 4:33-36) e violentos (Mat. 8:28; Mar
9:18,22; Luc 9:39; Apoc 16:14). Note que
há um grau de impureza entre eles (Mat. 12:43-45). Há muitas doenças afligidas pelos espíritos
maus (físicas: mudez - Mat. 9:32,33; cegueira - Mat. 12:22; doença esquelética
- Luc 13:11-13 e mentais: nudez, loucura
- Luc 8:26-35; Marcos 9:18, 22).
Os
espíritos ou demônios não têm outro fim, revelado pelas Escrituras, a não ser
igual aos anjos maus que estão entregues “às cadeias da escuridão, ficando
reservados para o juízo” (II Ped 2:4; Judas 1:6). As ‘cadeias’ não os limitam a um lugar mas
sim à uma condição (escuridão e condenação) (Berkhof, p.149). O lugar será o lago de fogo (Mat. 25:41; Apoc
20:10).
Pela
adivinhação e astrologia é praticada a abominação diante do Senhor. Deus quer receber toda a glória. Os que praticam essas abominações não estão
buscando ao Senhor e sim aos demônios (Deut 18:10-12; Atos 16:16-18, “espírito
de adivinhação”; 19:13-19; II Cron. 33:6)
Satanás
Satanás
é o líder de todos os anjos maus sendo chamado o seu pai (João 8:44), o seu
príncipe (Mat. 9:34; Efés 2:2) . Sua principal
obra é opor-se a Deus (Isa 14:13,14; Atos 13:10). Ele ataca ao homem por que o homem é o
principal objeto das suas obras (Gên. 1:26).
As Escrituras o apontam como aquele que originou o pecado (Gên. 3:1-3;
Ezequiel 28:15; João 8:44; II Cor 11:3; I João 3:8; Apoc 12:9; 20:10) e o deus
de toda a impureza (João 12:31; II Cor 4:4) mostrando não a sua soberania mas o
controle sobre tudo o que Deus entregou na sua mão. Satanás é de grande poder
mas não onipotente, tem influência mas não é soberano (Mat. 10:28; 12:29; Apoc
20:2). O destino de Satanás é o lago de
fogo (Mat. 25:41; Apoc 20:10) (Berkhof).
A Nossa Atitude diante dos Anjos Bons e Maus
Deus
é o único digno de honra e glória e deve ficar claro que nenhum anjo bom ou mau
deve ser servido, adorado ou temido como Deus (Rom. 11:36; Apoc 4:11;
22:8,9). Mesmo o crente, filho de Deus,
por estar em Jesus Cristo, tendo uma posição acima dos espíritos maus (Efés
6:16; Heb 2:14; I João 4:4) não é recomendado entrar em contenda com qualquer ser
bom ou mal (II Tim 2:24; Judas 1:9), mas os resistir aproximando-se de Deus
(Tiago 4:7) sendo firme na fé (I Ped 5:9).
A vitória se dá pela força de Cristo (Fil. 4:13) e não da carne (Efés
6:10-18). Há necessidade de sermos
submissos ao Senhor para termos a vitoria e é razão suficiente para que não
sermos auto confiantes em nossos relacionamentos com as forças do mal. Uma vida morta às concupisciências da carne e
ativa em obediência à Palavra de Deus, é a melhor defesa para não cair nos
laços do diabo (Efés 6:12-18; I Tim 1:18,19).
Satanás
é ativo e os seus anjos estão sempre prontos para lhe obedecer, daí o crente ser
instruído a ser vigilante e obediente à Palavra de Deus (I Ped 5:8; II Cor
2:10, 11) nunca dando a mínima oportunidade a Satanás (Efés 4:27). Enche o seu ser com as meditações de Cristo,
a Palavra de Deus, e não precisará se preocupar com as concupisciências da
carne (Gal 5:16). Assim será sempre
pronto a ter a vitória nas lutas que venham (Tiago 4:7,8)
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